Dedo em Gatilho

A tenosinovite estenosante dos flexores, conhecida como dedo em gatilho, é uma condição caracterizada por dor no trajeto dos tendões flexores associada à dificuldade de flexão ou travamento do movimento dos dedos, que podem permanecer em posição de flexão.

O paciente, ao realizar a flexão do dedo ou polegar, apresenta uma posição semelhante ao do disparo de um gatilho, daí a origem do nome curioso. Nas tenosinovites estenosantes graves o dedo pode permanecer travado em posição de flexão.

O dedo em gatilho é classificado em quatro graus:

Grau I: pré-gatilho – dor e edema sobre a polia A1, porém sem bloqueio.
Grau II (ativo) – bloqueio presente, e paciente consegue estender o dedo ativamente.
Grau III (passivo) – bloqueio presente, e paciente não consegue estender o dedo ativamente, necessitando auxílio da outra mão (grau III A) ou incapacidade de flexionar ativamente (grau III B).
Grau IV (contratura) – contratura fixa do dedo, com IFP em flexão.
Sintomas
Os sintomas iniciais são de desconforto na base dos dedos, na palma da mão e/ou no polegar. Essa área é dolorosa a palpação e pode ser sentido um nódulo.
O dedo acometido pode apresentar aumento de volume (edema), com limitação da movimentação e dor no trajeto dos tendões flexores. O surgimento de um nódulo no sistema de polias e a progressão da doença causam o travamento dos dedos e o ressalto no movimento.
À medida que a doença progride, o travamento do dedo na posição de flexão piora, a ponto de gerar incapacidade funcional para preensão de objetos.
Os dedos mais frequentemente acometidos são os polegares, dedos médio e anular. Pode haver o comprometimento de mais de um dedo e ambas as mãos podem estar envolvidas.

A estenose e os sintomas são mais pronunciados pela manhã, devido à piora do edema e inatividade manual durante a noite.

Fatores de risco
Atividades manuais, profissionais, esportivas, entre outras, que exigem preensão forçada, movimentos repetitivos ou que submeta a mão à vibração intensa ou impacto, podem aumentar o risco do desenvolvimento de tenosinovite estenosante dos flexores. Algumas doenças também são consideradas como predisponentes ao desenvolvimento de uma tenosinovite estenosante como a artrite reumatóide, diabetes, hipotireoidismo, amiloidose e algumas infecções (tuberculose, esporotricose, infecções fúngicas, etc.). O dedo em gatilho é mais freqüente nas mulheres do que nos homens e, particularmente, na gravidez, puerpério e menopausa.

Diagnóstico
A tenosinovite estenosante é mais comum nas mulheres do que nos homens e ocorre, também, com maior freqUência, nos pacientes diabéticos, portadores de nefropatias, hipotireoidismo e outras endocrinopatias.

O diagnóstico é essencialmente clínico. Geralmente não são necessários exames ou meios auxiliares de diagnóstico. Em caso de dúvida, a ecografia (ou ultrassonografia) de partes moles ou ressonância magnética podem ser úteis para o diagnóstico. A radiografia apenas está indicada para o diagnóstico diferencial no caso de suspeita de outras patologias.

Tratamento
O tratamento indicado deve variar de acordo com a intensidade, gravidade e duração das alterações anatômicas e dos sintomas.

Casos leves:

repouso evitando atividades manuais que exijam esforço ou movimentos de repetição;
uso de órtese extensora mantendo o dedo em posição de extensão de forma intermitente;
exercícios leves e suaves para manter a mobilidade e promover a drenagem linfática e combater o edema;
uso de gelo local;
massagem pode aliviar a dor e reduzir o edema.
Casos mais graves (travamento constante e limitação da movimentação dos dedos acometido):

Uso de antiinflamatórios sob indicação médica podem promover alívio dos sintomas, combater o quadro inflamatório, edema, dor e melhorar o deslizamento dos tendões;
Uso de medicamentos esteróides sob indicação médica promovem alívio intenso dos sintomas de dor e inflamação e podem ser utilizados, desde que o paciente não apresente comorbidades que contra-indiquem seu uso;
esteróides injetados localmente sob indicação médica também podem produzir alívio temporário ou definitivo dos sintomas. Entretanto, pode-se apresentar piora dos sintomas nas primeiras 48 a 72 horas após a infiltração. Em casos de melhora parcial dos sintomas, a infiltração pode ser repetida, desde que com intervalo de três a quatro semanas;
Procedimento médico para a liberação percutânea do túnel osteofibroso a partir de agulha hipodérmica e anestesia local;
A liberação por meio de cirúrgia é feita incluindo uma via de acesso palmar na região da prega palmar distal dos dedos. Essa técnica é utilizada em casos crônicos e que não responderam ao tratamento não cirúrgico. Deve ser realizado em ambiente de centro cirúrgico sob anestesia adequada (local ou regional).

 

Fonte: https://sbot.org.br/dedo-em-gatilho/